01/11/2012

América, América

Uma das pranchas (de cinco), do álbum de serigrafias "América, América
No ano de 1968, em plena efervescência política, fui o primeiro artista plástico, a utilizar a serigrafia como forma de arte, publicando o primeiro álbum de serigrafias, na Paraíba. "América América", era o título da obra (inspirado no título do filme de Elia Kazan), o meu trabalho seguia uma tendência das artes plásticas, que se espalhava pelo mundo: a pop-art. Os artistas deste movimento buscavam inspiração na cultura de massas para criar suas obras de arte, criticando de forma irônica a vida cotidiana materialista e consumista. Latas, embalagens, histórias em quadrinhos, bandeiras, peças de propagandas e outros objetos serviam de base para a criação artística deste período. Os artistas trabalhavam com cores vivas e modificavam o formato destes objetos. A técnica de repetir várias vezes um mesmo objeto, com cores diferentes e a colagem foram muito utilizadas. Os artistas, integrantes da pop-art conseguiam chamar a atenção do grande público ao se inspirar em elementos que em tese não eram reconhecidos como arte, ao levar em conta que o consumo era marca vigente desses tempos. Estrelas de cinema, revistas em quadrinhos, automóveis, aparelhos eletrônicos e produtos enlatados foram desconstruídos para que as impressões e idéias desses artistas assinalassem o poder de reprodução e a efemeridade daquilo que era oferecido em escala industrial.
Entre os representantes desse movimento, podemos destacar a figura de Andy Warhol, conhecido pelas múltiplas versões multicoloridas de Marilyn Monroe, produzida no ano de 1967. Ainda hoje, diversos artistas empregam as referências da pop-art para conceber quadros, esculturas e outras instalações. A pop-art exerceu grande influência no mundo artístico e cultural das épocas posteriores e influenciou também o grafismo e os desenhos relacionados à moda.
Dessa época, só me restou a reprodução fotográfica de uma das cinco pranchas do álbum "América América". Toda a edição foi vendida, principalmente, no Rio de Janeiro, para onde eu havia me mudado e onde vivi por dez anos.

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